As Mulheres e os Beatles




Por Alysson de Almeida

As mulheres sempre povoaram as obras dos Beatles de maneira bastante expressiva. Seja na paixão adolescente das letras do início da carreira ou até chegando à necessidade latente no seu ocaso.
Além de musas para a maioria das canções que ajudaram a formatar a cultura popular do século XX, as mulheres desempenharam um papel fundamental na vida e na carreira dos quatro rapazes de Liverpool. E, arrisco a dizer que, sem elas talvez não teríamos os Beatles como os conhecemos hoje.
Mesmo se pensarmos que a betalemania surgiu principalmente da adoração pelo grupo feita de forma fanática por fãs que eram, na sua grande maioria, garotas adolescentes dos dois lados do Atlântico, o impacto dos Beatles no mundo provavelmente não seria o mesmo.

Nesse dia 08 de março de 2020, Dia Internacional da Mulher, o beatlelogias.com faz uma singela homenagem à todas as mulheres mostrando a força que todas elas tiveram na vida e na obra dos Fab Four. Partindo de suas mães, esposas, irmãs, fãs e até as ‘Apple Scruffs’ do mundo todo, sintam-se homenageadas!

NA INFÂNCIA

John Lennon experimentou o amargor de ter sido abandonado por sua mãe ainda na infância. Julia Lennon, nascida Julia Stanley, perdeu-se no mundo quando o filho dela com Alfred Lennon tinha apenas 5 anos. A criação e educação do pequeno John ficou então sob a responsabilidade de sua irmã Mary Elizabeth Smith, a tia Mimi, pelos próximos 10 anos.
Quando Julia reapareceu, John já tinha 15 anos. Nesse período de reconciliação Julia já tinha outra família, com marido e duas filhas, Julia e Jackie Baird. O jovem Lennon agora tinha duas irmãs! Foi durante estes anos que Julia ensinou a John as primeiras notas no banjo e no ukelele. Em 1958, Julia morreu de forma trágica por atropelamento. A amargura retornaria de forma dramática na vida de John que homenageia a mãe em 'Julia', do Álbum Branco (The Beatles), em 1968, e na balada cortante 'Mother', do disco Plastic Ono Band, de 1970.

Paul McCartney, a exemplo do companheiro de banda, também ficou órfão de mãe. Mary McCartney morreu de câncer quando Paul tinha apenas 9 anos, em 1951. A alusão de "Mother Mary comes to me..." de Let it Be, de 1970, é uma homenagem de Paul à mãe falecida. 
A família de George Harrison já tinha se estabelecido em Arnold Grove, subúrbio de Liverpool, desde o final dos anos 1930, quando o caçula dos quatro filhos de Harold e Louise Harrison, cujo nome de solteira era French, nasceu em 25 de fevereiro de 1943. Louise era o alicerce da família e, segundo a primeira esposa de George, Pattie Boyd, Louise era particularmente favorável: "Tudo o que ela queria para os filhos era que eles fossem felizes, e ela reconheceu que nada deixava George tão feliz quanto fazer música".

Ringo é o único filho dos confeiteiros Richard Starkey (1913-1981) e Elsie Gleave (1914-1987). Elsie gostava de cantar e dançar, um hobby que compartilhou com o marido, um ávido fã de swing. Antes do nascimento do filho, a quem apelidaram de "Ritchie", o casal passava grande parte do tempo livre no circuito de salão local, mas os passeios regulares terminavam logo após o nascimento.

OS CASAMENTOS

Elas receberam da mídia o título de a “Realeza do Rock” por serem companheiras dos reis do rock na Inglaterra e no mundo. Interessantes, inteligentes, instigantes, cada uma das mulheres que cruzaram ou ficaram nas vidas de John Lennon, Paul McCartney, George Harrisson e Ringo Starr foi fotografada e analisada pela mídia, amada e odiada pelos fãs.


John Lennon foi o primeiro a se casar. Em 23 de agosto de 1962 casou-se com a namorada da adolescência Cynthia Powell. Ela estava grávida e, em 8 de abril de 1963, eles tiveram um filho, Julian. Em 1966, John conheceu a artista plástica japonesa Yoko Ono. Eles se casaram em Gibraltar, em 1969. Um pouco depois da separação dos Beatles, o casal mudou-se para Nova Iorque e envolveram-se em protestos anti-guerras. Em 1973, se separaram por um tempo e John viveu seu fim de semana perdido com May Pang. Após a reconciliação de John e Yoko, no dia 9 de outubro de 1975, eles tiveram um filho, Sean. John abandonou a carreira para dedicar-se mais ao filho e permaneceu ao lado de Yoko até o fim de sua vida. 

Paul McCartney foi o último dos quatro a se casar. Ele namorou por 5 anos a atriz, Jane Asher, de quem acabou ficando noivo. O noivado acabou em 1968. Em 1967, Paul conheceu Linda Eastman, uma fotógrafa norte-americana, em um clube noturno de Londres. Casaram-se em 12 de março de 1969. Ele adotou a filha dela, Heather. Com Linda, teve três filhos: Mary, Stella e James.  Após a separação dos Beatles, Linda se tornou parte da carreira de Paul. Fez parte dos Wings, e cantou e tocou em todos os shows e discos solos do marido. Em 1998, Linda morreu de câncer em Tucson, Arizona.



Em 11 de junho de 2001, McCartney se casou com a modelo Heather Mills no Castelo Leslie na Irlanda, em uma recepção para 300 convidados. Em 2003, nasceu a primeira e única filha do casal, Beatrice. Em maio de 2006, iniciou-se o difícil processo de separação. Em 2007, fizeram um acordo. A imprensa anunciou que provavelmente Paul pagou 32 milhões de libras pelo divórcio. No entanto, a batalha judicial chegou ao fim em 17 de março de 2008, em que um juiz britânico decidiu que Paul deveria pagar à ex-mulher a quantia de 24,3 milhões de libras (equivalentes a 48,6 milhões de dólares).
Em 9 de outubro de 2011, Paul se casou com a empresária americana Nancy Shevell.

George Harrison casou-se com a modelo Pattie Boyd em 21 de janeiro de 1966, tendo Paul McCartney como padrinho. Eles se conheceram em 1964, durante as filmagens do filme A Hard Day's Night. No final dos anos 60, Eric Clapton apaixonou-se por Pattie e para ela compôs Layla. O casamento dela e George terminou em 1973, e ela acabou se casando com Clapton posteriormente. Apesar da situação, George e Eric continuaram grandes amigos até a morte de Harrison. Eles se chamavam de "husbands in law", uma espécie de "maridos-cunhados".
Harrison casou-se pela segunda vez com Olivia Trinidad Arias em 1978. A cerimônia aconteceu em 2 de setembro na casa de Harrison, tendo o cantor Joe Brown como padrinho. George conheceu Olivia em 1974, quando ela era secretária da A&M Records. Em 1 de agosto de 1978, um mês antes do casamento, nasceu o único filho dele, Dhani Harrison.



Ringo Starr casou-se pela primeira vez em 11 de fevereiro de 1965, com uma antiga namorada dos tempos em que tocava no Cavern Club, Maureen Cox, que, na época do casamento tinha apenas 18 anos. Com ela teve três filhos Zak (13 de setembro de 1965), Jason (19 de agosto de 1967) e Lee (17 de novembro de 1970). Em 1975, Ringo se separou de Maureen, devido a seu crescente alcoolismo e às suas constantes traições. Maureen morreu em 30 de dezembro 1994 de leucemia.

Em 1980, ele se casou pela segunda vez com a ex-bond girl Barbara Bach, que conheceu durante a filmagens de “O Homem das Cavernas” - filmado em 1980 e lançado em 1981. Em 1983, após o lançamento de Old Wave, Ringo e Barbara internaram-se em uma clínica de reabilitação para alcoólatras. Estão juntos até hoje.

OS BEATLES FEMINISTAS

Pioneiros na música, no cinema, na moda e na cultura popular, os Beatles estavam à frente do próprio tempo ao "abraçar" o feminismo, argumenta Kenneth Womack, um pesquisador renomado e reitor da Universidade de Monmouth.
Afim de discutir sobre o assunto que poucas bandas de rock ousaram refletir sobre nos anos 1960, a Ideological Diversity, uma organização estudantil da Harvard Kennedy School, promoveu uma conversa gratuita com Womack.


Questionado sobre o assunto o pesquisador comparou a reputação dos Rolling Stones com a dos Beatles, em relação às atitudes notoriamente sexistas até para os padrões da época. Mas pontuou que "não sabe se as pessoas pensam neles como 'protofeministas'", como Womack se referiu ao quarteto.
"O rock and roll, a música popular no geral, era altamente sexista. Era paternalista nos anos 1960 e até antes disso, quando pensamos em canções que se referiam às mulheres como objetos, mulheres que precisavam ser 'aconselhadas' sobre o amor, ou sobre como abordá-las, mesmo que fosse apenas algo inocente e romântico como 'quero segurar a sua mão'."

"E os Beatles, conscientemente, em 1965, começaram a mudar de tom. Eles criaram um tipo muito específico de personagem feminina que pensava por si só e não precisava de um homem. E isso é revelador, realmente. Temos muitas músicas que começam a aparecer nesse ponto que são altamente progressivas sobre as mulheres que vivem seus próprios interesses, objetivos e prazeres, em vez de servir homens. É uma coisa muito emocionante. E é um ótimo momento em que ensino os Beatles, porque você pode ver os alunos aprendendo o que eles estavam tentando fazer e como era incomum naquela época, e talvez até agora", explica Womack.

A SECRETÁRIA POR TRÁS DO FÃ-CLUBE OFICIAL

Após quase 50 anos do fim do mais importante grupo de rock da história, quando se pensava que tudo já havia sido esmiuçado sobre o quarteto, surge mais uma. A da secretária que conviveu intimamente com os Fab Four, suas famílias, filhos e esposas e até há bem pouco tempo ninguém sequer a conhecia.
Todo mundo, beatlemaníaco ou não, conhece figuras como George Martin, Brian Epstein, Pete Best, Tony Sheridan, Stu Stucliffe, Glyn Johns, Linda McCartney, Pattie Boyd, Yoko Ono, o guru indiano Maharishi Mahesh Yogi entre outras que circundaram a vida e marcaram a trajetória da banda. E todos escreveram biografias, gravaram depoimentos para filmes ou viraram fonte de informações importantes. Mas alguém aí já ouviu falar de Freda Kelly?

Freda começou a frequentar o Cavern Club por acaso, no final de 1961. Foi participar de um happy hour com amigos da empresa em que trabalhava como datilógrafa. Virou vassourinha do lugar e fã incondicional dos Beatles que começavam sua carreira e ainda disputavam espaço com outros grupos. Tinha só 17 anos. Enquanto suas colegas tinham fotos de Elvis, Cliff Richard, Pat Boone e Johnny Cash em seus armários, ela tinha um mísero recorte de jornal local com uma imagem dos Beatles. Quando alguém perguntava quem eram, ela dizia que era uma banda da cidade. Os comentários eram jocosos, do tipo “poxa, mas ninguém conhece”! Mas ela insistia: “Em breve o mundo vai conhecer”.

Para a eterna integrante da valorosa equipe dos Beatles, foi uma década mágica, mas tudo ficou no passado. Perguntada se chegou a ter um caso com algum deles, guarda silêncio com um sorriso maroto e reafirma “ficou no passado”.



AS MUSAS E AS MÚSICAS

Quem são, afinal, essas mulheres que aparecem nos títulos das músicas compostas pelos Beatles?

Julia: Era a mãe de John Lennon. Morreu, atropelada por um policial bêbado, quando John tinha apenas 17 anos. Mas desde os 5 anos ele era criado pela tia Mimi, porque o segundo marido de Julia não aceitou o enteado.

Eleanor: Personagem fictícia criada por Paul, que pensou em uma solteirona de paróquia e é alegoria para todas as pessoas solitárias. Dizem que houve uma Eleanor Rigby que foi faxineira de um hospital de Liverpool, mas não se sabe se Paul se inspirou na garota real ou se é apenas uma coincidência de nomes.

Lucy: Apesar de todo mundo dizer que Lucy In The Sky With Diamonds é uma mensagem cifrada para falar de LSD, John e Paul sempre deram uma versão mais simples para o nome da música: Lucy era a coleguinha de Julian, filho de John, que tinha 4 anos e teria feito um desenho dela com várias estrelas, dando inspiração à viagem psicodélica da letra da música.

Michelle: Não era nenhuma garota em especial. Paul criou a música na época em que o francês era moda na Inglaterra e ele escolheu o nome por ser comum na França. Na verdade, foi a professora de francês Jan Vaughan, mulher de Ivan Vaughan (que apresentou Paul a John), que pensou nos versos “Michelle ma belle”, eternizando este nome para sempre em uma canção dos Beatles.

Rita: Guarda de trânsito que aparentemente se chamava Meta (pronunciando “Mita”), e não Rita, multou Paul, mas ele diz que não foi por causa dela que escolheu o nome da personagem da música, mas pela sonoridade. Ele tinha ficado encantado com a forma como os americanos chamavam as guardas nos EUA “meter maids”, que na Inglaterra eram as “traffic wardens”.

Prudence: Irmã da atriz Mia Farrow, Prudence tinha 19 anos e estava no mesmo retiro na Índia em que os Beatles estiveram, que rendeu várias canções.

Martha: Apesar de não ser uma mulher propriamente dita, Martha era a cadela da raça “Old English Sheepdog” de Paul na época das gravações do Álbum Branco, em 1968. “Martha my dear you have always been my inspiration”.

"Mulher, eu quase não consigo expressar
Minhas emoções confusas em minha negligência
Afinal de contas, estou eternamente em dívida com você".
Woman - John Lennon - 1980


Dica: Assista ao documentário "As mulheres dos Beatles", disponível em 4 partes no You Tube.



FONTES:
br.pinterest.com/pin/296604325444026518/
hallai-hallai.blogspot.com/2014/01/mulheres-dos-beatles.html
kikacastro.com.br/2016/04/22/mulheres-beatles/
luciazanetti.wordpress.com/2013/08/28/martha-a-cadela-old-english-sheepdog-de-paul-mccartney/
muralcultural2.blogspot.com/2018/01/a-mulher-por-tras-dos-beatles.html
obaudoedu.blogspot.com/2016/03/especial-as-mulheres-dos-beatles.html
rollingstone.uol.com.br/noticia/os-beatles-podem-ser-considerados-protofeministas-diz-pesquisador/
www.hojeemdia.com.br/almanaque/as-divas-dos-beatles-bio-exibe-especial-com-as-realezas-do-rock-1.123112


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