Um
dia desses, estávamos fazendo nossas coisas e chegaram algumas pessoas de
aparência um pouco estranha que não se pareciam com ninguém. Imediatamente,
sentimos: 'Wey-ei ... espíritos afins ... algo está acontecendo aqui'. Eles
entraram e se sentaram e eram Astrid, Jürgen e Klaus. - Paul McCartney
(Anthology)
Filho de médico, Voormann
nasceu em 29 de abril de 1938, no norte de Berlim, Alemanha. Ele estudou piano
clássico entre 8 e 15 anos, mas seus pais decidiram que ele deveria estudar
arte comercial na Meisterschule für Grafik und Buchgewerbe, em Berlim.
Mudou-se para Hamburgo onde
começou a trabalhar como artista comercial, designer gráfico e ilustrador antes
de concluir seus estudos. Na cidade Voormann conheceu Astrid Kirchherr,
fotógrafa com quem iniciou um relacionamento.
Conta a lenda que após uma
discussão com Kirchherr e seu amigo Jürgen Vollmer, Voormann entrou na
Reeperbahn de Hamburgo, no distrito de St Pauli. Lá, ele ouviu músicas vindas
de dentro do clube Kaiserkeller e decidiu investigar. Rory Storm e the
Hurricanes, com Ringo Starr, estavam no palco; os próximos a tocar foram os
Beatles, e Voormann decidiu ficar e assistir. Após presenciar a performance dos
dois grupos ficou "sem palavras" pelas performances. Um fã de jazz
que foi criado ouvindo música clássica, foi a primeira vez que escutou rock 'n'
roll. No dia seguinte, ele trouxe Kirchherr e Vollmer ao clube para ver os
Beatles, e todos os três se apaixonaram pelos sons e energia dos grupos
britânicos.
Durante uma pausa nas
performances, Voormann falou brevemente com John Lennon em inglês vacilante.
Lennon sugeriu que ele falasse com o baixista do grupo, Stuart Sutcliffe, a
quem ele descreveu como "o artista por aqui". Lennon inicialmente
desprezou Voormann e seus amigos, embora - como os outros Beatles - ele mais
tarde tenha passado a contá-los como amigos. Ele apelidou o trio de Exis, uma
piada sobre a afetação deles pelo existencialismo.
Os Beatles nos dias de Hamburgo
Artista e músico, Voormann e
Astrid Kirchherr, beatniks por excelência, ostentavam roupas pretas e uma cara
temperamental debaixo de uma franja que complementava seu corte de cabelo que
influenciaria os Beatles, se tornando mais tarde marca registrada indissociável
da imagem inicial da banda.
Klaus Voormann deixou a
Alemanha em direção a Londres no início dos anos 60 para trabalhar como artista
comercial em uma agência de publicidade. Ele foi convidado a morar com George
Harrison e Ringo Starr em seu apartamento na Green Street, embora mais tarde
tenha alugado um apartamento próprio. Ele voltou a Hamburgo em 1963, fundando
um grupo musical, “Paddy, Klaus & Gibson”. Brian Epstein tornou-se gerente
deles após uma apresentação no Pickwick Club de Londres.
Em 1966, Voormann voltou
para Londres e John Lennon o convidou a projetar a capa do novo álbum dos
Beatles. Ele passou algumas semanas desenhando ideias, eventualmente se
estabelecendo nos desenhos dos quatro Beatles com montagens de recortes
espalhadas ao redor.
A
criação da capa de Revolver segundo Klaus Voorman:

- Eu me lembro, quando eu criei a capa de Revolver. Foi no terceiro andar de uma casa, em um pequeno apartamento no sótão. Foi na cozinha no Parliament Hill, em Hampstead.
-
1966 foi o momento em que os Beatles estavam muito, muito ocupados. Eles
estavam fazendo um álbum após o outro. Eles estavam gastando mais tempo no
estúdio, na sala de controle, brincando com sons, como nunca fizeram antes.
Eles tinham uma turnê pela Alemanha chegando, e depois iriam para o Japão. Eles
tinham apenas mais algumas semanas disponíveis para trabalhar em seu novo
álbum, aquele que seria chamado de Revolver, e então, de repente, eles estavam
fora em turnê.”
Voorman contou suas
lembranças sobre a icônica capa em seu livro
“Revolver 50” que contou com prefácio de Paul que atestou: “ No fim, a
capa de Revolver foi um clássico e esse livro é outro”
Sobre o processo de criação
da capa, Voorman se lembra de quando foi ouvir as músicas do álbum para lhe
ajudar no desenvolvimento do conceito:
"Então,
a banda só me pediu para vir até Abbey Road Studios. Já tinham gravado cerca de
dois terços das faixas. Quando ouvi a música, fiquei chocado, era tão grande,
tão incrível. Mas era assustador porque a última música que eles tocaram para
mim foi Tomorrow Never Knows”.
"Quando
eu tinha terminado meu trabalho para a capa, Brian Epstein ficou realmente
emocionado com o meu projeto. Ele me disse: 'Klaus, o que você fez é o que
realmente era necessário. Eu estava com medo de que o novo material da banda não
fosse bem aceito por seu público, mas a sua capa será a ponte". Voormann
acrescenta: "Levei cerca de três
semanas para criar a capa, mas em termos de trabalho concentrado, cerca de uma
semana." A maior parte desse tempo foi gasto com uma tesoura, bisturi
e cola, selecionando e organizando fragmentos de fotografias dentro de desenhos
de linhas dos Beatles.
Apesar de ter ganho um Grammy
em 1967 pela produção da capa, Voorman se lembra que à época, não recebeu uma
grande quantia da banda por sua confecção, o que de forma alguma lhe incomodou:
"Eu recebi 50 libras por ela. Eu
teria feito de graça - e eu não sinto que eu estava em uma posição de me fazer
de difícil para eles, dizendo: "Vocês tem que me pagar este ou aquele
tanto. Eles [EMI] disseram que 50 libras era o limite absoluto para uma capa de
disco.”
Ainda em 1966, Voormann
ajudou nos filmes promocionais dos Beatles para Paperback Writer e Rain. Ele
também foi contratado para criar a capa do álbum de estreia dos Bee Gees; a
obra de arte resultante mostrava os cinco membros do grupo em pé acima de uma
colagem psicodélica. No mesmo ano, ele se juntou a Manfred Mann no baixo, cargo
que manteve até 1969. Ele já havia sido convidado para se juntar ao The Hollies
e ao Moody Blues.
Nos anos 70, Voorman se tornou
figura conhecida no circuito de Pop e Rock inglês, tocando com artistas do
calibre de Ringo
Starr, George Harrison, Lou Reed, Carly Simon, James Taylor, Harry Nilsson e
John Lennon – incluindo “Imagine”, onde além de baixista em várias
faixas, também prestou seu talento artístico com o design gráfico do álbum. Também
foi responsável pelas capas do “Anthology” dos Beatles, lançados entre 1995 e
1996.
Voorman tocando com John nas sessões de How do You Sleep?
Fontes:
The
Beatles – A única biografia autorizada (Hunter Davies)
The Beatles
1966 (Steven Turner)
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