TOP FIVE Beatlelogias 01 - PAUL McCARTNEY


editado por Leko Soares

Top FIVE 01 - PAUL McCartney

Bem vindos ao primeiro Top Five Beatlelogias. Nessa nova seção do site, realizamos votações entre especialistas e os editores sobre determinado tópico e o resultado final será postado aqui com as considerações de cada um dos participantes. 
Para nossa estreia, além de Alysson Almeida e Leko Soares, editores fixos do beatlelogias, temos a participação de Waldir Dinoá, beatlemaníaco e especialista em Beatles desde os anos 1970 (também redator da nossa sessão Beatleteca) e Mário Vitor, vocalista que faz as vozes de McCartney em vários projetos dedicados à obra dos Beatles e à carreira solo dos Fab4, com destaque para "Harrison & McCartney".

Às vésperas do lançamento do já histórico McCartney III, nada mais natural que iniciarmos essa nova seção versando sobre a obra do mais prolífico dos Fab4. Consideramos para tanto, somente os álbuns de estúdio a partir do lançamento de McCartney I (1970) e abrangendo também a discografia do período em que Paul esteve à frente do Wings (de 1971 a 1979).

Sem mais delongas, com vocês a obra de Sir Paul! (ah, e fique à vontade para discordar ou concordar com as escolhas no nosso mural de mensagens)


5 - BACK TO THE EGG (1979)

Alysson Almeida: Dada a vasta obra fonográfica de Paul MCartney, sinceramente, não entendo como Back to the Egg veio parar nesse top 5! Mas, enfim... Mesmo não sendo um disco ruim, Back to the Egg figura, ao meu ver, há anos luz do fino da produção de Sir Macca. O interessante do álbum é o suingue, quase funky, em todo álbum. A famigerada década de 80 se avizinhava e a grande maioria das bandas e artistas oriundos das duas décadas anteriores se viram meio que perdidos nas novas tecnologias de estúdio. Isso resultou nos trabalhos menos inspirados da discografia de todos eles. Dá-lhe sintetizadores! Lançado em 1979, Back to the Egg foi o último suspiro do Wings e, desde então, Paul seguiu carreira realmente solo. Vale a menção honrosa da instrumental Rockestra Theme, que em seus pouco mais de dois minutos e meio conseguiu juntar uma constelação de gigantes do rock na roll do calibre de David Gilmour, Hank Marvin e Pete Townshend nas guitarras; John Bonham e Kenney Jones nas baquetas; John Paul Jones e Ronnie Lane nos baixos e Gary Brooker e Tony Ashton nos teclados, juntos ao lineup do Wings. Disco meia boca!

Mário Vitor: O famoso pé na porta indicando o fim dos Wings e preparando o Paul para os anos 80, nos quais se encaixou muito bem sonoramente. Uma salada de tudo que veio e que viria como o  Punk Rock em "Spit it on", uma pitada de R&B em "Arrow through me", o saudosismo de Babys Request fazem do disco uma deliciosa experiência. Umas das minhas canções favoritas de toda obra de Paul é Getting Closer que está neste disco e tive o privilégio de tocá-la com o Baterista do Back to the egg Steve Holley no palco do Cavern em Liverpool. Depois do encontro no ensaio com o Seiwel esse foi o famoso "zerar a vida 2"! 

Waldir Dinoá: Nada como a perspectiva que o tempo oferece. Atualmente, os fãs de Paul McCartney e dos Wings consideram Back to The Egg um grande disco. Mais uma vez, a produção é primorosa e Paul McCartney e sua banda se divertem passeando entre rocks vigorosos como To You e Old Siam Sir, sons quase-punk, como em Spin It On, pop rocks como Getting Closer e pela sonoridade mais gospel de After The Ball/Million Miles. Winter Rose tem um ar medieval, logo se transformando na balada Love Awake. Back To The Egg é Paul McCartney fazendo o que sabe fazer melhor. Transitando pelos vários caminhos da música, sempre com a peculiar exuberância e abrangência instrumental e arranjos caprichados, tudo contribuindo para as diversas texturas e a personalidade geral do disco.

Outro ponto alto em Back to The Egg é a presença da Rockestra, grupo de músicos pesos-pesados do rock, que Paul reuniu para produzir dois petardos, o instrumental Rockestra Theme e a pauleira So Glad to See You Here. Sob o comando de Macca, Pete Towshend, John Bonham, David Gilmour, John Paul Jones, Ronnie Lane, Gary Brooker, Ray Cooper e outros monstros, se reuniram nos estúdios de Abbey Road em Londres e, em pouco tempo, as duas faixas estavam prontas. Sonzeira. Rockestra Theme ganhou o Grammy de melhor performance instrumental de rock. Em se tratando de Paul, não era nenhuma surpresa.

Back to The Egg foi pensado para impulsionar a nova turnê mundial que a banda faria, em sequência à exitosa turnê Wings Over The World, de 75/76. A prisão de Paul McCartney em janeiro de 1980, por porte de maconha, ao desembarcar com seus companheiros para uma série de shows no Japão, pôs fim a tais planos. 

Leko Soares: o 'Back to the Egg' é o único no nosso top 5 que pode gerar algum ranço por parte dos McCartistas de plantão. Sim, nós sabemos disso. Mas, em defesa do time aqui, credito a justiça de ‘...the Egg’ no nosso top 5 como um elogio à coesão do repertório como um todo. Esse é o típico álbum que não tem grandes destaques individuais, mas que apreciado com atenção, de cabo a rabo, pode render momentos valiosíssimos de variação musical. Dá pra encontrar de tudo aqui: desde New Wave, um pouco de jazz aqui e ali, Punk (O riff e a rispidez de ‘Spin it On’ estão aí pra não me deixar mentir, rs), temos muito Rock espalhado ao longo de todo álbum e principalmente, muito bem distribuído nos riffs e nas vozes daquela que, pra mim, é a música mais forte de todo o repertório de ‘Back to the Egg’ -  ‘Old Siam, Sir’, que caberia fácil em qualquer top 10 que eu fizesse do ‘Wings’. Resumindo: ‘discão’ que envelheceu bem demais, galera!



4 - FLAMING PIE (1997)

Alysson Almeida: Tendo sido adolescente nos anos 90, a trinca Off the Ground / Paul is Live / Flaming Pie fizeram a minha cabeça na obra solo de Paul McCartney. Afinal, esses eram os primeiros lançamentos dele que eu realmente acompanhei em tempo real já como betalemanaíco irreversível. Flaming Pie, sacada de John Lennon sobre o cara que lhe veio em sonho, em uma torta flamejante dizendo que eles seriam Beetles com A, serviu de mote para Paul nomear deu disco lançado em 1997. Eu ouvi, e ainda ouço, tanto esse disco que é quase impossível apontar só um grande momento nele. Desde a sua abertura com The Song We Were Singing até as últimas notas de Gresat Day, Flaming Pie é a essência de Paul McCartney tanto em melodia quanto em letras. Produzido por Paul, George Martin e Jeff Lynne, da Electric Light Orchestra, Flaming Pie é um dos maiores e melhores registros da carreira de Paul McCartney. Disco essencial!

Mário Vitor: Talvez último disco obrigatório do Paul cronologicamente falando. Um Paul mais introspectivo em lindas baladas acústicas como Calico Skies. A sequência inicial de baladas é matadora. E o rock puro e genuíno que ouvimos na canção "Flaming pie" não vi ser alcançado nos discos posteriores.

Waldir Dinoá: Provavelmente o disco que seus críticos de longa data sempre esperaram ouvir dele. Um álbum feito por um homem maduro, um disco mais pessoal, mais reflexivo. Bem, já iam longe os anos em que Paul, segundo esses críticos, tentou, durante uma década inteira, simplesmente se repetir, transformando os Wings em seus novos Beatles, prolongando um conto de fadas que já não lhe cabia.

É certo, no entanto, afirmar que Paul McCartney foi sempre ele mesmo. O mais Beatle dos Beatles não poderia ter feito diferente. Apenas, agora, aos 55 anos, o músico se permitia parar um pouco, olhar para trás e, a partir de suas experiências passadas, projetar o futuro.

Foi o último disco de Paul com a participação de Linda McCartney, que morreria de câncer no ano seguinte. Flaming Pie transborda de grandes e belas canções. A medieval Calico Skies, a abertura grandiosa com The Song We Were Singing, a homenagem a Maureen (ex-esposa de Ringo Starr, recém-falecida) em Little Willow, a beleza pungente e tocante de Somedays, a balada Souvenir (perfeição de música no melhor estilo McCartney), o pop ensolarado de Young Boy (com um belíssimo solo de guitarra), e Beautiful Night, o auge do disco, uma gravação épica e que é, na verdade, mais uma balada no puríssimo estilo McCartney, só que com arranjo requintado e vibrante de cordas e metais, cortesia do genial George Martin. Na internet rola o making of das gravações dessa música. É de arrancar lágrimas. Flaming Pie continua sendo um dos cinco ou seis melhores discos da carreira de Paul. Sempre um prazer raro para os ouvidos. E para o nosso coração.

Leko Soares: Que álbum forte, né? De cabo a rabo. 30 anos depois de Sgt Peppers é difícil acreditar que esse senhor tivesse tanta bala na agulha ainda a ponto de lançar uma das melhores coleções de excelentes músicas de toda a sua carreira. O ‘Flaming Pie’ poderia estar no topo da minha lista, tranquilamente, sem nenhum peso de consciência pois faixas como ‘Someday’, ‘The Song We Were Singing’, ‘Flaming Pie’, ‘Great Day’ etc, se garantem com louvor ao lado de qualquer clássico da carreira de Paul. E pensar que 16 anos depois o cara ainda lançaria um álbum do calibre do ‘New’, hein? Esse é lenda demais!


3 - VENUS AND MARS (1975)

Alysson Almeida: Lançado em 1975, Venus and Mars só perde para o seu antecessor, Band On the Run, como posto de melhor disco do Wings. A grande canção do álbum é Letting Go, como muitas outras daquela fase, é dedicada a Linda McCartney.  Incrivelmente stoneana, a música traz um brilhante trabalho nas guitarras e metais. Quem foi ao Allianz Parque na última passagem de Paul pelo Brasil pôde contagiar-se ao trio do naipe de metais surgir ‘no meio’ do público durante o solo dessa música! Venus and Mars tem de tudo: rockão cheio de guitarras, baladinha folk ao violão, outros integrantes nos vocais principais, músicas românticas pra tocar de madrugada nas FMs e até um aceno aos nerds e geeks de plantão em Magneto and Titanium Man, que homenageia os personagens da Marvel Comics. Discão!

Mário Vitor: Embora não tenha nenhum hit definitivo - como "Maybe Im amazed" no McCartney I, o álbum é bom de cabo a rabo. Tem uma pegada mais etéra como fica bem evidente em "Venus & Mars (reprise)". "Call me back Again" está pra mim entre as melhores interpretações vocais do Macca. “Letting go” também continua nos repertórios atuais de Paul com arranjos belissímos de metais, assim como em “You Gave me answer” e “Listen What the Man Said”.

Waldir Dinoá: Desde a abertura, com Venus and Mars/Rock Show, fica claro que Paul McCartney retorna mesmo com sede de palco. O medley se torna a abertura lógica e natural dos shows dos Wings. Irresistível. Assim como praticamente todo o disco. Há vários momentos de destaque. Como em Listen to What the Man Said, que se transforma em mais um single de enorme sucesso nos EUA para Paul McCartney; Letting Go, com um naipe de metais de arrepiar e refrão matador; Magneto and Titanium Man, um rock saído diretamente das histórias em quadrinhos e que os fãs adoraram; Call Me Back Again, com McCartney em grande forma vocal, lembrando os tempos de Oh, Darling; e, ainda, You Gave Me The Answer, no melhor estilo When I’m Sixty Four. O disco trouxe também um Wings mais democrático, com os outros integrantes ganhando mais espaço. Denny Laine mostra seu talento como cantor em Spirits of Ancient Egypt; e Medicine Jar dá a oportunidade ao jovem guitarrista Jimmy McCulloch de mostrar que também cantava e compunha.

Venus and Mars é um disco estradeiro, de altíssimo astral, rock de arena da melhor qualidade. Concebido para ganhar o mundo em turnê. Produção impecável, brilhante, limpa, com Paul McCartney no auge da forma enquanto músico e cantor. Mais carismático do que nunca. Mais performer do que nunca.

Venus and Mars resgatou Paul de uma vez por todas do buraco mais fundo em que o ex-Beatle havia se metido, catapultando-o a um sucesso visto apenas no auge da beatlemania e levando os Wings a um voo tão alto quanto jamais haviam experimentado. Falou-se mesmo em Wingsmania à época, com uma geração de moleques, gente que mal saíra das fraldas quando os Beatles invadiram a América, comparecendo aos shows de Paul e sua troupe. A revista TIME se rendeu ao sucesso estrondoso da banda e fez uma matéria de capa com Paul. Ele estava no topo do mundo de novo. Considerado culpado pela separação dos Beatles cinco anos antes, McCartney vinha, finalmente, à forra. Venus and Mars (Vênus e Marte) é disco pra se colocar num bom equipamento de som e esquecer da Terra por algum tempo!

Leko Soares: A obra que elevou o Wings ao status de supergrupo. Paul conseguia novamente, depois de altos e baixos, provar do que era capaz comercialmente. É desse álbum a abertura clássica dos shows do Wings com ‘Venus and Mars’ seguida de ‘Rock Show’ que acabaria eternizada no live ‘Wings over America’, pra mim um dos melhores ao vivo de todos os tempos, aliás. Esse álbum tem faixas muito fortes e que se destacam no repertório geral da carreira de Paul. Algumas faixas envelheceram bem como um bom vinho e  dessas ‘quarentonas jeitosas’, eu destacaria ‘Letting Go’ que  se tornou uma música ainda maior ao vivo (não no sentido de tempo, rs) e é um destaque óbvio no setlist atual de Paul. Outras que eu adoro no álbum são ‘Spirits of Ancient Egypt’ que começa um rockão safado e depois cai num refrão quase etéreo, ‘Love in Song’ e ‘Medicine Jar’ (outra que ao vivo rolou demais!). Ah, e tenho quase certeza que a sonoridade de ‘Magneto and Titanium Man’ foi muito bem assimilada pela turma de Brian May, Freddie Mercury e cia. Enfim, um clássico maior na discografia de Sir Paul.


2 – RAM (1971)

Alysson Almeida: Pra começo de conversa, Ram não é um álbum pop! Talvez Uncle Albert chegue perto disso. Mesmo sendo o favorito de muita gente, Ram é um disco denso, que tem que ser absorvido em camadas, tanto em música quanto em letras. E, a cada audição pode ser que ele lhe fique mais familiar. Talvez por ser tipo um embrião do que viria ser o Wings, a banda que Paul montou para gravar o álbum se sai muito bem, a despeito da troca de guitarrista. A maioria das músicas não têm ganchos que grudam nos ouvidos... Faceta estranha para quem já tinha se acostumado com o Paul Pop Perfeito dos tempos de Beatles. Ram é mais iluminado que seu antecessor e muito menos bucólico que seu sucessor. E, esse meio do caminho parece ser a grande sacada do disco. Grande álbum!

Mário Vitor: Sem dúvida meu favorito! O álbum tem uma atmosfera, uma ambiência que não se encontra em muitas obras pop da época(1971). Paul abusou das camadas de vocais, e ambiências mais cheias e reverberadas o que dá um clima único ao disco. As baterias de Denny Seiwell são um ponto de atenção extra. Linhas maravilhosas como a de Uncle Albert(single número 1 na América). Uma curiosidade foi que uma das bandas que toquei(a Blue Beetles) foi convidada a tocar o álbum na íntegra em Liverpool, e durante o único ensaio que fizemos, o baterista Denny Seiwel, que estava em Liverpool para o festival Beatleweek, entrou no estúdio ao ouvir Dear Boy e tocou esta e mais Uncle Albert conosco. Além de fazer uma levada de "samba" bem honesta quando falamos que éramos brasileiros.

Waldir Dinoá: Passados quase cinquenta anos do lançamento de Ram, o que temos hoje? A opinião quase unânime de que McCartney conseguiu, sim, realizar um disco magistral, brilhante, um dos melhores trabalhos que já fez. Ram é uma enxurrada de amostras do talento excepcional de McCartney para as melodias originais e inspiradas com produção luxuosa. Um disco com sonoridade extraordinária, um modelo de composição e arranjo com as canções e melodias assombrosamente costuradas entre si. É puro McCartney. Harmonias, violões, guitarras, fabulosas linhas de baixo e orquestrações primorosas permeiam canções como Uncle Albert/Admiral Halsey, Long Haired Lady e The Back Seat of My Car. Houve quem, falando sobre Ram, atentou para o extraordinário dom melódico que McCartney consegue exibir em um único lado do disco, algo que poucos conseguem lograr em discos inteiros.

Heart of The Country, soa e cheira à área rural da Escócia, onde os McCartney tinham se exilado por um bom tempo antes de gravar e lançar o disco; Monkberry Moon Delight e sua letra nonsense, apresenta um Paul mega rockeiro, cantando como nunca, com a ajuda da filha de Linda, Heather, nos backing vocals (a música era ouvida todos os dias na TV brasileira, num cover feito por Exuma, um artista das Bahamas, como tema da novela A Volta de Beto Rockfeller). Outros momentos de destaque são a faixa de abertura, Too Many People e o ótimo rocker Smile Away.

As mesmas sessões do Ram produziram ainda o primeiro single de Paul McCartney pós Beatles, Another Day. Um enorme sucesso. Pois é, para Paul, nada como um outro dia... Ram finalmente ganhou status de obra prima. A prova de que, com alguns discos, a coisa funciona como com o vinho... quanto mais velho, melhor...

Leko Soares: O Ram pra mim foi um choque no sentido de que, quando ouvi pela primeira vez, eu não tinha lido quase nada a respeito dele. Portanto, na minha cabeça, acreditava que era um álbum menor na discografia solo do Paul e eis que, por isso mesmo, o choque foi imenso. Pode ser viagem, mas na minha opinião,  esse é o álbum mais Beatles gravado por um ex-beatle. Ele tem uma atmosfera rural que o circunda que acho que só traz um charme a mais pra uma obra que, pode até soar acessível em um primeiro momento devido à força individual de cada canção, mas que é extremamente complexa nos arranjos e detalhes espalhados ao longo do álbum. Acho que foi exatamente isso que me lembrou os Beatles da fase Sgt Peppers adiante. 'Uncle Albert/Admiral Halsey' pra mim forma um medley perfeito com 'Smiles Away' e uma peça progressiva das melhores. Essa “three of a perfect pair” me ganhou de cara pois era uma época da minha vida que ouvia muito Prog 70 e achar referências a esse tipo de som (sem tanta megalomania) em um álbum do Paul foi um deleite para os meus ouvidos. Dava pra falar de todas as músicas aqui, mas como o espaço é curto, reservo meu último comentário para destacar a performance assombrosa de Paul nos vocais de 'Monkberry Moon Delight'. É foda demais! 


1-BAND ON THE RUN (1973)

Alysson Almeida: Dadas as circunstâncias que Band on the Run foi gravado, dificilmente se esperaria que ele virasse um clássico. Analisando o disco em si, ele conta com um lado A perfeito, pop e palatável e um lado B mais obscuro e, podemos dizer, mais experimental. Ou seja o lado A tem cara de lado A, cheio de hits radiofônicos e baladinha ‘McCartiniana’. Já o lado B é o puro exemplo de como, geralmente, é um lado B em um disco pop: músicas mais difíceis que desembocam em um grand finale apoteótico (Nineteen Hundred And Eighty Five), porém tão boas quanto suas irmãs mais acessíveis. É o Wings, mesmo desfalcado, na sua melhor forma. Em suma... Do caos surgiu a obra-prima dos caras! Clássico supremo!

Mário Vitor: O álbum Band on the Run é pra mim o mais coeso da obra do Paul. Tem ainda o frescor das composições do McCartney I, mas com a sofisticação de ambiências e arranjos vocais que podemos ver no Ram. O disco gravado apenas pelos 3 Wings(Paul, Linda e Laine) tem canções contundentes como Jet, Let me roll it que permanecem até hoje no repertório do Macca.

Waldir Dinoá: Ainda hoje, quando o silêncio da minha sala de som e leitura é quebrado pela guitarra cortante que dá início à faixa de abertura do terceiro disco de Paul McCartney e os Wings, o sentimento de estar diante de um trabalho excepcional, uma obra prima, é avassalador.

A riqueza e o colorido melódico que dão personalidade às faixas do disco, junto com uma produção limpa e impecável, garantem uma experiência sonora inesquecível. A faixa-título se desenvolve em três partes, num crescendo envolvente e empolgante. É Paul McCartney beirando a perfeição, lembrando seus melhores momentos em discos como o Abbey Road, dos Beatles. Outros destaques do disco são o rock instigante de Jet (uma maravilhosa obra prima, segundo o New Musical Express); o swing latino da acústica Bluebird; Mrs. Vandebilt, estouradíssima nas rádios do Brasil; Mamunia, uma metáfora pop relacionando chuva e renascimento; uma homenagem a Picasso em Picasso’s Last Words (Drink to me), versão musical mccartneyana do cubismo do mestre espanhol; e Nineteen Hundred and Eighty Five, outra faixa poderosa, dominada por um piano nervoso e hipnótico, que encerra o disco de forma impactante.

No meio de tudo, a assombrosa Let Me Roll It, faixa que parece ter sido escrita por um Paul ainda incomodado com os ataques de Lennon em How Do You Sleep (a rivalidade entre os dois na época era nitroglicerina pura). Aqui, Paul dá a impressão de querer soar como John o tempo todo, como quem diz, ‘Se eu quiser, posso compor e gravar igual a você a qualquer momento’. Com um baixo marcado e dominador, um riff de guitarra neurótico e uma voz carregada de eco, a música em muito se assemelha a uma composição da lavra do melhor e mais puro Lennon.

Band On The Run continua sendo um disco único e insuperável. O próprio McCartney considera até hoje seu melhor trabalho. O som, o timing, a força melódica de suas músicas, a produção, os arranjos... um disco que é a melhor assinatura do baixista da maior banda de todos os tempos. Uma obra prima da história do rock.

Leko Soares: estranhamente minha relação com o número 1 do Paul não foi amor à primeira ouvida. Lógico que clássicos como 'Let Me Roll it' e a faixa título já caíram no meu gosto desde o início, mas outras como 'Jet' (olha só que doidera) e 'Nineteen Hundred and Eighty Five' passaram batido no meu radar nas primeiras ouvidas e foram crescendo ao longo do tempo.  'Mamunia' ainda é uma música que acho menor em relação ao restante do repertório do álbum, mas fora isso, com certeza, hoje entendo bem mais a força desse álbum que tem uma das minhas favoritas do Wings, a genial e curta (até demais) 'Picasso’s Last Words' e só não constou em primeiro lugar na minha lista porque o 'Ram' sim, deu match logo de cara, rs

RANKING GERAL  e PONTUAÇÃO:

Nosso Ranking geral com todos os álbuns citados, ficou assim: 


1.       Band on the Run – 89

2.       Ram – 76

3.       Venus and Mars - 56

4.       Flaming Pie – 42

5.       Back to the Egg – 38

 ............

6.       Off the Ground – 25

7.       Red Rose Speedway – 21

8.       Flowers in the Dirt – 19

9.       New – 19

10.   McCartney I – 17

11.   London Town – 10

12.   Tug of War – 5

13.   Run Devil Run – 4

14.   Chaos and Creation in the Backyard – 2

15.   Eletrick Arguments – 2

16.   Driving Rain – 1



RANKING INDIVIDUAL e PONTUAÇÃO


Alysson Almeida

1. 1973 Band On The Run – 25 + 1

2. 1993 Off The Ground – 18

3. 1974 Venus And Mars – 15 + 1

4. 1997 Flaming Pie – 12 + 1

5. 2013 New - 10

6. 1971 Ram – 8 + 1

7. 1970 McCartney I – 6 + 1

8. 1989 Flowers In The Dirt – 4 + 1

9. 1999 Run Devil Run - 2

10. 1982 Tug Of War – 1 + 1


Mario Vitor

1. Ram - 25

2. Band on the Run - 18

3. Back to the Egg - 15

4. Red Rose Speedway - 12

5. McCartney I - 10

6. Venus and Mars - 8

7. Flaming Pie - 6

8. Flowers in the Dirty - 4

9. Run Devil Run - 2

10. Driving Rain - 1


Waldir Dinoá

1. Band on the run – 25 + 1

2. Venus and Mars – 18 + 1

3. Ram – 15 + 1

4. Back to the egg – 12 + 1

5. London Town - 10

6. Red Rose Speedway – 8 + 1

7. Flaming Pie – 6 + 1

8. Flowers in the dirt – 4 + 1

9. Chaos and creation in the backyard - 2

10. Tug of war - 1


Leko Soares

1. Ram – 25 + 1

2. Band on the Run – 18 + 1

3. Flaming Pie  - 15 + 1

4. Venus and Mars – 12 + 1

5. Back to the Egg  - 10 + 1

6. New – 8 + 1

7. Off the Ground – 6 + 1

8. Flowers in the Dirt – 4 + 1

9. Electric Arguments – 2

10. Tug of War – 1 + 1


*Para prevalecer o máximo de justiça na nossa votação, inspirados no site "Consultoria do Rock", a eleição do Top Five segue o sistema de pontuação da Fórmula 1, acrescendo 1 ponto para cada álbum citado.




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